O que são BDRs e como eles podem turbinar sua carteira
Você já pensou em investir em empresas como Apple, Google, Amazon ou Tesla — sem precisar abrir conta no exterior ou operar em dólar?
Pois é, isso é possível e mais simples do que parece. O caminho se chama BDR.
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são uma porta de entrada para o investidor brasileiro acessar o mercado internacional diretamente pela B3, a bolsa de valores do Brasil. E o melhor: com a praticidade de operar em reais, pela sua corretora de sempre.
Nos últimos anos, esses ativos se tornaram cada vez mais populares por permitirem diversificação geográfica e cambial — dois ingredientes fundamentais para uma carteira moderna e resiliente.
Mas afinal, o que exatamente são os BDRs? Como eles funcionam? Quais são os riscos e vantagens? E o mais importante: vale a pena incluí-los na sua estratégia?
Neste artigo, você vai descobrir tudo o que precisa saber sobre BDRs: desde o básico até como usá-los para turbinar sua carteira com inteligência e segurança.
O que são BDRs?
BDR é a sigla para Brazilian Depositary Receipt — ou, em português, Certificado de Depósito de Valores Mobiliários. Na prática, um BDR é um título negociado na bolsa brasileira (B3) que representa ações ou outros ativos de empresas estrangeiras.
Ou seja, ao comprar um BDR, você não está adquirindo diretamente uma ação da Apple ou do Google, por exemplo, mas sim um certificado lastreado nessas ações, emitido por uma instituição depositária no Brasil.
Essa estrutura permite que investidores locais tenham exposição ao desempenho de ativos globais, sem precisar abrir conta no exterior, enviar dinheiro para fora ou lidar com outras burocracias internacionais.
Como funcionam os BDRs?
- Uma instituição brasileira (como um banco) adquire ações de uma empresa estrangeira no exterior.
- Em seguida, essa instituição emite certificados representando essas ações aqui no Brasil.
- Esses certificados — os BDRs — passam a ser negociados na B3, como se fossem ações comuns.
Por exemplo:
O BDR AAPL34 representa ações da Apple negociadas nos EUA. Quando você compra AAPL34, está comprando um certificado que acompanha a performance da ação da Apple, com variação cambial e tudo.
Tipos de BDRs
Atualmente, existem três categorias principais:
- BDRs não patrocinados (nível I)
Emitidos sem a participação direta da empresa estrangeira. São os mais comuns na B3 e acessíveis para qualquer investidor. - BDRs patrocinados (níveis II e III)
Emitidos com autorização da empresa estrangeira. Esses podem até permitir direito a voto ou outras vantagens, mas são menos frequentes no Brasil. - BDRs de ETFs e fundos
Além de ações, você também pode acessar ETFs internacionais e fundos globais via BDR, ampliando ainda mais sua diversificação.
Vantagens de investir em BDRs
Os BDRs caíram no gosto dos brasileiros por um motivo simples: eles abrem as portas do mercado global com facilidade e flexibilidade. A seguir, veja os principais motivos pelos quais eles vêm ganhando espaço nas carteiras de investidores que buscam diversificação, proteção e novas oportunidades.
1. Acesso a empresas globais
Com os BDRs, você pode investir em gigantes internacionais como Apple, Microsoft, Google, Tesla, Amazon, Coca-Cola e muitas outras, diretamente da B3. É uma maneira acessível de participar dos resultados das maiores empresas do mundo — muitas vezes, com performance mais estável e previsível do que a média das empresas brasileiras.
2. Diversificação cambial e geográfica
Investir apenas no Brasil é apostar 100% em um único país — com todos os riscos políticos, econômicos e fiscais que isso envolve.
Com os BDRs, você diversifica parte do seu patrimônio internacionalmente e ainda se expõe indiretamente ao dólar, o que pode proteger seu portfólio contra desvalorização do real.
3. Facilidade de operação
Diferente de abrir conta em corretora estrangeira, converter moeda e lidar com regulações externas, os BDRs são comprados e vendidos como qualquer ação brasileira, via home broker, e com liquidação em reais.
4. Exposição a setores pouco representados no Brasil
O mercado brasileiro tem poucas empresas em setores como tecnologia, biotecnologia ou indústria de ponta.
Com os BDRs, você pode acessar esses segmentos — que muitas vezes são os que mais crescem globalmente — de forma simples e estratégica.
5. Baixo custo de entrada
Ao contrário do que muita gente imagina, os BDRs não exigem grandes aportes. Já é possível comprar frações de certificados por menos de R$100, o que torna a porta de entrada muito mais acessível.
Cuidados e limitações dos BDRs
Apesar de todos os benefícios, os BDRs não são uma solução mágica. Como qualquer investimento, eles também envolvem riscos e características que precisam ser compreendidos. Conhecer esses pontos ajuda a evitar armadilhas e montar uma estratégia mais sólida.
1. Tributação diferente das ações brasileiras
Enquanto ações no Brasil têm isenção de IR para vendas de até R$20 mil por mês, os BDRs não seguem essa regra. Qualquer lucro obtido com a venda de BDRs é tributado em 15% (ou 20%, em casos de day trade), independentemente do valor vendido.
Ou seja, mesmo operações pequenas podem gerar imposto a pagar — o que exige mais atenção na hora de declarar e controlar os ganhos.
2. Exposição cambial (nem sempre positiva)
Embora a variação cambial possa ajudar a proteger seu patrimônio em momentos de desvalorização do real, ela também pode jogar contra.
Se o dólar cair ou se a ação estrangeira cair no mercado lá fora, isso impacta diretamente o valor do BDR aqui no Brasil.
Por isso, é importante acompanhar o cenário internacional e entender que a volatilidade pode ser mais intensa do que nas ações brasileiras.
3. Menor liquidez em alguns ativos
Alguns BDRs — especialmente os de empresas menos conhecidas — têm baixo volume de negociação na B3. Isso pode dificultar a compra ou venda em determinadas quantidades, ou gerar spreads maiores entre compra e venda.
Dica: prefira BDRs com bom volume de negociação e maior representatividade no mercado.
4. Riscos do ativo de origem
Lembre-se: o BDR é um reflexo do desempenho de um ativo estrangeiro.
Ou seja, se a ação da empresa lá fora tiver problemas, o impacto chega aqui via BDR. Questões como balanços fracos, mudanças regulatórias, escândalos ou concorrência afetam diretamente o seu investimento.
Esses cuidados não são impeditivos, mas reforçam a necessidade de escolher BDRs com critério e encaixá-los dentro de uma estratégia de longo prazo.
Como começar a investir em BDRs
Investir em BDRs é mais simples do que parece. Mesmo quem nunca saiu do universo das ações brasileiras pode começar com poucos cliques — desde que siga alguns passos importantes.
1. Avalie seus objetivos
Antes de investir em qualquer ativo, é fundamental entender o papel que ele vai cumprir na sua carteira.
Você busca diversificação? Proteção cambial? Exposição ao setor de tecnologia? Crescimento no longo prazo?
Definir isso ajuda a escolher os BDRs mais adequados ao seu perfil e estratégia.
2. Pesquise os BDRs disponíveis
Hoje, existem mais de 900 BDRs listados na B3, representando empresas de vários setores e países. Alguns dos mais populares incluem:
- AAPL34 – Apple
- AMZO34 – Amazon
- TSLA34 – Tesla
- GOGL34 – Alphabet (Google)
- MSFT34 – Microsoft
- DISB34 – Disney
Você pode conferir a lista completa no site da B3 – Segmento BDR
3. Escolha sua corretora
Quase todas as corretoras brasileiras já oferecem BDRs na plataforma, dentro do mesmo ambiente de negociação de ações.
Basta buscar pelo código do ativo (ex: AAPL34) e fazer a compra normalmente.
Se você já investe em ações, não precisa criar nenhuma nova conta ou preencher formulários especiais. Simples assim.
4. Monte uma estratégia de alocação
Não é porque os BDRs dão acesso ao mercado global que você precisa exagerar na dose. O ideal é encaixar os BDRs como parte da diversificação da carteira, com um percentual equilibrado.
Exemplo de alocação simples:
- 60% Renda variável Brasil
- 20% Renda fixa
- 15% BDRs de ações e ETFs
- 5% Fundos imobiliários ou outros
Claro, esse peso deve variar conforme seu perfil de risco e seus objetivos.
5. Acompanhe os resultados e rebalanceie
Assim como qualquer outro ativo, os BDRs exigem acompanhamento periódico.
Observe o desempenho, os impactos da moeda, a performance da empresa e as notícias globais. Rebalancear a carteira periodicamente ajuda a manter o risco sob controle e a aproveitar melhor os ciclos do mercado.
Conclusão
Os BDRs surgiram como uma excelente alternativa para quem quer ir além do mercado brasileiro sem complicações. Com eles, é possível investir em grandes empresas globais, diversificar sua carteira e se expor ao dólar, tudo isso com a praticidade de operar pela B3.
Mas como qualquer investimento, os BDRs exigem atenção: é importante conhecer os riscos, entender a tributação e selecionar os ativos com critério.
Se usados com inteligência, eles podem turbinar sua carteira com ativos de qualidade, setores inovadores e proteção cambial — tudo isso com acessibilidade e flexibilidade.
Agora que você já sabe o que são os BDRs e como utilizá-los, que tal dar o próximo passo e analisar sua carteira atual? Será que já está na hora de pensar globalmente?
Se quiser ajuda para definir uma estratégia personalizada de investimentos, entre em contato. Estou aqui para ajudar você a investir de forma mais eficiente — no Brasil e no mundo.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre BDRs
1. BDR paga dividendos?
Sim, os BDRs podem pagar dividendos, mas é importante entender que os valores distribuídos podem ser diferentes dos pagos diretamente pela empresa no exterior. Além disso, pode haver retenção de imposto no país de origem, o que impacta o valor final recebido no Brasil.
2. Qual a diferença entre BDRs patrocinados e não patrocinados?
- BDRs patrocinados: são emitidos com o apoio da própria empresa estrangeira, que participa do processo de listagem.
- BDRs não patrocinados: são emitidos por instituições brasileiras sem envolvimento da empresa.
Atualmente, a maioria dos BDRs disponíveis no mercado brasileiro são não patrocinados.
3. Posso fazer day trade com BDRs?
É possível, mas não é recomendado para iniciantes. Embora os BDRs possam ser comprados e vendidos no mesmo dia, a liquidez menor de alguns ativos e a volatilidade cambial tornam o day trade mais arriscado nesse tipo de investimento.
4. Os BDRs entram no inventário em caso de falecimento?
Sim. Como qualquer ativo negociado na B3, os BDRs fazem parte do inventário e da herança.
Não há necessidade de procedimentos no exterior, pois a custódia e liquidação dos BDRs ocorrem integralmente no Brasil.