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O papel dos REITs na diversificação internacional

Diversificar internacionalmente já deixou de ser uma opção e passou a ser quase uma necessidade para o investidor brasileiro que deseja proteger e expandir seu patrimônio. A exposição ao dólar, o acesso a mercados mais desenvolvidos e a possibilidade de investir em setores inovadores são só alguns dos motivos.

Mas, quando o assunto é diversificação fora do Brasil, a maioria das pessoas pensa logo em ações americanas, ETFs globais ou BDRs. E os REITs? Pouca gente conhece esse tipo de ativo — e menos ainda entende o seu potencial.

Os Real Estate Investment Trusts (REITs) são a porta de entrada para quem quer investir no mercado imobiliário global com praticidade, liquidez e, o melhor: recebendo dividendos em dólar. Eles são, muitas vezes, a peça que falta em uma carteira internacional realmente eficiente e equilibrada.

Neste artigo, vamos te mostrar o que são os REITs, como funcionam, por que eles podem ser tão poderosos para sua estratégia de diversificação internacional — e como você pode investir neles mesmo estando no Brasil.


O que são REITs?

REIT é a sigla para Real Estate Investment Trust, ou Fundo de Investimento Imobiliário listado em bolsa. São empresas criadas para investir, administrar e gerar receita com imóveis — seja por meio de aluguéis, hipotecas ou valorização patrimonial. Eles funcionam de forma parecida com os FIIs brasileiros, mas com escopo global e maior variedade de segmentos.

Criados nos Estados Unidos na década de 1960, os REITs têm como principal característica a obrigação de distribuir pelo menos 90% dos seus lucros tributáveis aos acionistas, na forma de dividendos. Isso os torna altamente procurados por investidores que buscam renda passiva.

Como os REITs funcionam?

Na prática, você compra cotas de um REIT da mesma forma que compraria ações. Em troca, recebe parte dos lucros gerados pelos imóveis — que podem ser desde shopping centers e galpões logísticos, até data centers, hospitais, escolas e lajes corporativas.

Existem diferentes tipos de REITs:

  • Equity REITs: investem diretamente em imóveis físicos.
  • Mortgage REITs: focam em financiamentos e hipotecas.
  • Hybrid REITs: mesclam os dois modelos.

Essa diversidade permite que você invista em setores que nem existem no Brasil, como parques industriais de e-commerce ou infraestrutura digital — e tudo isso com liquidez diária na bolsa americana.

REITs x FIIs: qual a diferença?

Apesar de parecidos, os REITs e os FIIs têm algumas diferenças importantes:

CaracterísticaREITs (EUA)FIIs (Brasil)
Moeda baseDólarReal
Diversidade setorialAltaLimitada
Obrigatoriedade de distribuição90% dos lucros95% do caixa
Tributação de dividendosTributados nos EUA*Isentos para PF no Brasil
Tamanho de mercadoTrilhões de dólaresBilhões de reais

Dividendos de REITs sofrem tributação nos EUA (geralmente 30%) e precisam ser informados no imposto de renda no Brasil.


Vantagens de Investir em REITs

Os REITs combinam o melhor de dois mundos: a estabilidade dos ativos reais com a praticidade e liquidez do mercado financeiro. Eles oferecem uma série de benefícios estratégicos para quem deseja diversificar internacionalmente com inteligência. Vamos aos principais:

Renda passiva em dólar

Um dos maiores atrativos dos REITs é o pagamento recorrente de dividendos em moeda forte. Como essas empresas são obrigadas a distribuir a maior parte de seus lucros, o investidor acaba recebendo uma renda constante em dólares, o que pode proteger o poder de compra e aumentar a previsibilidade da carteira.


Exposição ao mercado imobiliário global

Ao investir em REITs, você acessa ativos que vão muito além do mercado brasileiro — e até mesmo do residencial tradicional. É possível ter exposição a:

  • Galpões logísticos nos EUA e Europa
  • Data centers utilizados por empresas como Amazon e Google
  • Prédios comerciais em Nova York, Londres ou Tóquio
  • Shoppings e redes de varejo globais
  • Hospitais e casas de repouso na Ásia e América do Norte

Ou seja, é uma forma de investir em economias desenvolvidas e setores de ponta, sem sair do Brasil.


Diversificação setorial

Existem REITs especializados em segmentos variados: saúde, tecnologia, varejo, educação, infraestrutura… Essa variedade permite construir uma carteira imobiliária muito mais completa do que seria possível investindo apenas em imóveis físicos ou FIIs locais.


Praticidade e liquidez

Diferente de imóveis tradicionais, os REITs são negociados em bolsa com liquidez diária. Isso significa que você pode comprar ou vender cotas com facilidade, sem burocracia, escrituras ou cartórios.


Potencial de valorização + proteção cambial

Além dos dividendos, os REITs também podem valorizar com o tempo, acompanhando a expansão dos mercados imobiliários em economias mais sólidas. E como são ativos dolarizados, ajudam a proteger a carteira da desvalorização do real, funcionando como um verdadeiro hedge cambial.


Como os REITs contribuem para a diversificação internacional?

Investir em REITs é uma das formas mais eficientes de diversificar sua carteira internacionalmente — tanto em termos geográficos quanto setoriais. Eles agregam valor por estarem expostos a ativos reais, em diferentes regiões do mundo, com comportamento distinto das ações tradicionais.

Redução do risco geográfico

Ao incluir REITs que atuam fora do Brasil, o investidor reduz sua dependência da economia local. Em momentos de instabilidade política ou econômica no país, ter parte do portfólio investido em imóveis geradores de renda em países como Estados Unidos, Canadá ou Japão pode equilibrar as perdas e trazer maior estabilidade à carteira.


Baixa correlação com outros ativos

Os REITs geralmente têm comportamento diferente de ações e títulos de renda fixa, o que os torna uma excelente ferramenta de diversificação. Isso acontece porque os fatores que influenciam os REITs — como demanda por espaços físicos, contratos de aluguel e taxas de vacância — não são os mesmos que afetam empresas de tecnologia, por exemplo.

Essa baixa correlação ajuda a suavizar os altos e baixos da carteira, principalmente em períodos de maior volatilidade nos mercados.


Complemento ideal para ETFs globais e ações

Muitos investidores iniciam sua diversificação internacional através de ETFs que replicam índices como o S&P 500, MSCI World ou Nasdaq. No entanto, esses índices são majoritariamente compostos por empresas de tecnologia, finanças e consumo.

Os REITs entram como um complemento perfeito, adicionando ao portfólio ativos físicos, estáveis e geradores de fluxo de caixa previsível, o que equilibra o perfil de risco da carteira.


Estratégia acessível e escalável

Não é preciso grandes aportes para começar a investir em REITs. Com valores baixos, já é possível montar uma carteira bem diversificada, seja por meio de ETFs de REITs, BDRs ou até mesmo contas internacionais. Isso torna a estratégia viável para quem está começando e também escalável para investidores mais avançados.


Formas de Investir em REITs do Brasil

Mesmo sem morar no exterior, o investidor brasileiro tem diversas formas de acessar os REITs e aproveitar seus benefícios. Abaixo estão os principais caminhos disponíveis — com suas vantagens, limitações e perfis ideais.


ETFs de REITs

Os ETFs (Exchange Traded Funds) de REITs são fundos que reúnem dezenas ou centenas de REITs em um único ativo. Eles permitem uma diversificação automática, com exposição a diferentes setores e geografias.

Exemplos populares:

  • REIT11 (B3): ETF brasileiro que replica o índice FTSE NAREIT, com exposição a REITs americanos.
  • XREIT11: outro ETF nacional com carteira diversificada de REITs.
  • VNQ (NYSE): ETF americano da Vanguard, um dos maiores e mais tradicionais do mundo.
  • SCHH (NYSE): ETF da Charles Schwab, com foco em custo baixo.

Vantagens:

  • Alta diversificação instantânea
  • Custos menores que comprar REITs individualmente
  • Facilidade de negociação, inclusive pela B3 (REIT11, XREIT11)

BDRs de REITs

Alguns REITs estão disponíveis na B3 através de BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que representam ativos estrangeiros.

Exemplos:

  • CWST34: BDR da Crown Castle, REIT especializado em torres de telecomunicação
  • SPG34: BDR da Simon Property Group, focado em shoppings nos EUA
  • EQIX34: BDR da Equinix, REIT de data centers

Vantagens:

  • Fácil acesso via corretoras brasileiras
  • Negociação em reais
  • Não exige conta internacional

Atenção: o número de BDRs de REITs ainda é limitado no Brasil.


Conta internacional

Outra alternativa é abrir conta em uma corretora nos EUA (como XP ou Avenue) e comprar REITs ou ETFs diretamente.

Vantagens:

  • Acesso a todos os REITs listados nas bolsas americanas
  • Maior liberdade para montar sua própria carteira
  • Possibilidade de investir também em ações globais

Ponto de atenção: há necessidade de enviar recursos para o exterior e lidar com questões tributárias.


Fundos de investimento no exterior

Algumas gestoras brasileiras oferecem fundos com alocação em REITs ou ativos imobiliários globais, o que pode ser interessante para quem prefere terceirizar a gestão.

Exemplos:

  • Fundos globais multimercado ou de ações com parcela alocada em REITs
  • Fundos imobiliários internacionais acessíveis via plataformas locais

Vantagens:

  • Gestão profissional
  • Diversificação automatizada
  • Menor necessidade de acompanhamento

Pontos de Atenção e Riscos ao Investir em REITs

Apesar de todos os benefícios, os REITs não são livres de riscos. Como qualquer investimento, é fundamental entender os possíveis desafios e fatores que podem impactar o desempenho desse tipo de ativo, especialmente em um portfólio internacional.


Sensibilidade às taxas de juros

Os REITs são sensíveis ao movimento das taxas de juros — especialmente nos Estados Unidos. Quando os juros sobem, os investidores tendem a migrar para ativos mais seguros e os REITs podem perder atratividade, afetando seus preços e dividendos.

Além disso, muitas dessas empresas são financiadas por dívida. Em um cenário de juros altos, o custo de financiamento aumenta, reduzindo a margem de lucro.


Risco cambial

Ao investir diretamente em REITs estrangeiros ou em ETFs no exterior, você estará exposto à variação cambial. Isso pode jogar a favor (quando o dólar sobe em relação ao real) ou contra (quando o dólar cai).

Para mitigar esse risco, é importante equilibrar a exposição cambial dentro da sua carteira e considerar a sua necessidade futura de consumo em reais ou em moeda estrangeira.


Riscos setoriais e específicos

Alguns REITs atuam em nichos muito específicos, como hotéis, escritórios, shopping centers ou data centers. Cada setor tem seus próprios riscos econômicos e regulatórios.

Por exemplo:

  • REITs de shoppings podem sofrer com o avanço do e-commerce
  • REITs de escritórios podem ser impactados pelo home office
  • REITs de data centers dependem fortemente do crescimento do setor de tecnologia

Por isso, é importante avaliar a diversificação interna do REIT, sua gestão, localização dos imóveis e solidez financeira.


Tributação e declaração no Imposto de Renda

Investimentos em REITs feitos por meio de contas internacionais ou ETFs no exterior precisam ser declarados corretamente à Receita Federal. Além disso, os dividendos recebidos são tributáveis, geralmente com retenção na fonte nos EUA (30%) e possíveis ajustes via carnê-leão no Brasil.

A boa notícia é que ETFs e BDRs listados na B3 são muito mais simples de declarar, o que pode ser um fator relevante para investidores que preferem praticidade.

Comparativo: Formas de Investir em REITs

OpçãoVantagens principaisLimitações / Pontos de atenção
ETFs de REITs (ex: REIT11)Diversificação automática, liquidez na B3, facilidade de acessoMenor controle sobre os REITs individuais
BDRs de REITsCompra em reais, via corretoras brasileirasAinda poucos disponíveis na B3
Conta internacionalAcesso direto a REITs globais e ETFs como VNQ, SCHHEnvio de recursos, tributação mais complexa
Fundos globaisGestão profissional, simplicidade operacionalTaxas de administração e possível falta de transparência

Conclusão: Vale a pena investir em REITs?

Se você busca diversificar internacionalmente, acessar mercados imobiliários de alto padrão e ainda receber renda passiva em moeda forte, os REITs merecem sua atenção.

Eles oferecem:

  • Exposição a imóveis globais com baixa correlação com ativos tradicionais;
  • Acesso facilitado, seja via ETFs, BDRs ou corretoras internacionais;
  • Rendimento consistente, com dividendos recorrentes;
  • E uma forma de reduzir o risco Brasil de forma estratégica e escalável.

Como todo investimento, é essencial entender os riscos envolvidos — como a sensibilidade às taxas de juros e o impacto cambial —, mas com uma alocação bem pensada, os REITs podem cumprir um papel importante em uma carteira robusta e globalmente diversificada.


Dica final:

Antes de investir, defina seu objetivo com REITs:
– Você quer renda passiva em dólar?
– Quer diversificar sua carteira internacional?
– Ou aproveitar o crescimento de determinados setores globais?

Com clareza nisso, será muito mais fácil escolher os REITs ou ETFs mais adequados para você.


Quer levar sua carteira a um novo nível?

Investir em REITs pode ser o primeiro passo para construir uma estratégia verdadeiramente global e resiliente. Se você ainda tem dúvidas sobre como começar, ou quer entender como os REITs se encaixam no seu perfil, fale comigo!

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