InvestimentosInvestimentos Alternativos

Vale a pena investir em ouro? O que todo investidor deve saber em 2025

O brilho (e a dúvida) do ouro

O ouro sempre teve um lugar especial no imaginário dos investidores. É símbolo de segurança, proteção e estabilidade — principalmente em tempos incertos.

Mas em 2025, com o mundo mudando rápido, juros globais oscilando, inflação controlada em boa parte das economias e tensões geopolíticas recorrentes, a pergunta volta com força: ainda vale a pena investir em ouro?

A resposta curta é: depende da sua estratégia.
O que antes era visto quase como um “porto seguro universal”, hoje exige uma análise mais criteriosa — e, principalmente, alinhada ao seu perfil e objetivos.

Neste artigo, vamos explorar quando o ouro faz sentido, quais são os melhores caminhos para investir, os prós e contras do ativo e o que todo investidor com algum patrimônio precisa saber antes de incluir ouro na carteira.

Mais do que seguir tendências, investir bem é entender o papel de cada ativo na sua construção de patrimônio. E o ouro, mesmo tradicional, precisa ser muito bem posicionado para realmente proteger e fortalecer sua carteira.

Por que o ouro é considerado um ativo de proteção

Poucos ativos carregam tanta história quanto o ouro. Muito antes dos mercados financeiros existirem, o ouro já era usado como reserva de valor — desde civilizações antigas até os grandes impérios. E mesmo em pleno 2025, ele ainda é visto como uma das formas mais sólidas de proteção patrimonial.

Mas o que explica esse status duradouro?

Independência de governos e sistemas financeiros

O ouro não depende de nenhum país, banco central ou política monetária. Ele não pode ser “emitido” como o papel-moeda, nem manipulado por decisões políticas. Isso o torna especialmente valioso em momentos de instabilidade ou desconfiança nos sistemas tradicionais.

Valor intrínseco e escassez natural

O ouro tem valor por si só — é escasso, durável e amplamente aceito globalmente. Essa escassez é o que o torna um bom “porto seguro”: ele não perde valor por simples excesso de oferta (como pode acontecer com moedas fiduciárias ou ativos de risco).

Proteção contra inflação e crises

Historicamente, o ouro tende a valorizar em períodos de inflação elevada, crises geopolíticas ou choques financeiros. Isso ocorre porque os investidores recorrem ao ouro como forma de proteger seu poder de compra quando os mercados tradicionais se mostram voláteis.

Comportamento anticíclico

Enquanto ações, títulos e moedas seguem ciclos econômicos mais previsíveis, o ouro muitas vezes se move na direção oposta. Essa característica faz dele um ativo útil na diversificação da carteira, reduzindo a correlação entre os investimentos e protegendo contra choques sistêmicos.

O cenário atual: vale a pena investir em ouro em 2025?

Se o ouro sempre foi visto como proteção, a pergunta que muitos investidores se fazem hoje é: com o mundo mudando, será que ele ainda cumpre bem esse papel?

2025 começou com um cenário global que mistura sinais de alívio econômico com novas fontes de tensão. E é nesse contexto que o ouro volta aos holofotes — não por modismo, mas por necessidade estratégica.

Inflação global ainda elevada

Apesar dos esforços de diversos países para controlar a inflação, as projeções indicam que ela permanecerá acima das metas estabelecidas. Especialistas preveem uma taxa média de inflação de 3,5% nos próximos três anos, ligeiramente abaixo dos 3,9% previstos para 2025 . No Brasil, a expectativa é que a inflação de 2025 feche em 5,65%, acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central

Tensões geopolíticas e políticas comerciais protecionistas

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe uma nova onda de políticas comerciais protecionistas. Em abril de 2025, foram impostas tarifas de até 145% sobre produtos chineses, reacendendo tensões comerciais com a China e a União Europeia . Essas medidas resultaram em retaliações e aumentaram a incerteza nos mercados globais.​

Além disso, a imposição de tarifas de 10% sobre todos os países, com taxas mais altas para 57 parceiros comerciais, levou a uma queda acentuada nos mercados europeus e norte-americanos . Essas ações protecionistas têm gerado preocupações sobre o crescimento econômico global e a estabilidade dos mercados.​

Além disso, a expectativa de estímulos monetários reacende o medo de desvalorização das moedas fiduciárias — outro fator que joga a favor do ouro como proteção.

O desempenho recente do ouro

Nos últimos 5 anos, o ouro apresentou uma performance sólida. Em dólares, seu preço saiu de cerca de US$ 1.500 por onça em 2019 para mais de US$ 3.300 em 2025, renovando máximas históricas em diversos momentos.

Apesar da volatilidade pontual, o ativo mostrou resiliência em meio a pandemias, guerras, alta dos juros e crises bancárias regionais — confirmando seu papel como um “seguro patrimonial” de longo prazo.

Tendências de demanda global

Uma das grandes forças por trás da valorização do ouro nos últimos anos foi a demanda dos bancos centrais, especialmente de países emergentes. China, Índia, Turquia e Rússia vêm acumulando ouro como parte de suas reservas, reduzindo a dependência do dólar.

Além disso, o ouro vem ganhando espaço entre investidores institucionais, fundos de pensão e até no varejo, através de ETFs e fundos temáticos.

Gráfico de desempenho do Ouro Futuro nos últimos 8 anos, disponível no Investing,com.

Quais as formas de investir em ouro no Brasil

Investir em ouro não significa necessariamente comprar barras de ouro e guardar em casa (a não ser que você seja o Tio Patinhas 🪙). Hoje, existem diversas formas de ter exposição ao metal precioso de maneira prática, segura e até acessível — algumas mais diretas, outras com camadas de gestão e diversificação.

Abaixo, apresento as principais formas disponíveis no Brasil e o que você precisa saber sobre cada uma:


🪙 Ouro físico

  • O que é: compra de barras ou moedas de ouro com teor de pureza específico (geralmente 99,99%). Pode ser feita em instituições credenciadas pela B3 ou em casas especializadas.
  • Vantagens: posse direta do ativo, independência total do sistema financeiro.
  • Desvantagens: custos de custódia e segurança, dificuldade de revenda, não gera rendimento.

Indicado para: investidores mais conservadores que buscam proteção “de verdade”, ou para diversificação extrema em cenários de crise.


Contratos futuros de ouro (B3 – OZ1D, OZ2D)

  • O que é: ativos negociados na Bolsa que replicam o preço do ouro com base em contratos futuros.
  • Vantagens: alta liquidez, exposição direta ao preço do ouro.
  • Desvantagens: complexidade operacional, volatilidade, necessidade de margem de garantia, não indicado para iniciantes.

Indicado para: investidores com perfil mais técnico, que operam com acompanhamento mais próximo.


Fundos de ouro

  • O que é: fundos de investimento que compram contratos de ouro ou ativos correlacionados.
  • Vantagens: praticidade, acessível via plataformas tradicionais, gestão profissional.
  • Desvantagens: taxa de administração pode reduzir a rentabilidade em horizontes longos.

Exemplos:

  • Trend Ouro FIM (XP Asset)
  • BTG Pactual Ouro FIM
  • Indicado para: investidores que querem exposição indireta ao ouro sem se preocupar com operações na bolsa.

ETFs de ouro (como GOLD11)

  • O que é: ETF que replica o desempenho do ouro no mercado internacional, negociado na B3.
  • Vantagens: liquidez, praticidade, acessível via corretoras brasileiras, baixa taxa.
  • Desvantagens: preço sujeito à variação cambial (vantagem ou desvantagem, dependendo da estratégia).

Indicado para: quem busca praticidade, liquidez e exposição eficiente ao ouro no longo prazo.


Fundos multimercado com ouro na composição

  • O que é: fundos que alocam parte do patrimônio em ouro ou ativos correlacionados, dentro de uma estratégia maior.
  • Vantagens: diversificação automática, gestão ativa, menor volatilidade geral.
  • Desvantagens: exposição indireta ao ouro, depende da estratégia do gestor.

Indicado para: quem deseja ouro como parte de uma carteira mais robusta, sem focar exclusivamente no metal.


Resumo comparativo:

AlternativaFacilidadeRendimentoRiscoTributação
Ouro físicoBaixaZeroBaixo (roubo, liquidez)IR sobre ganho de capital
Contratos futurosBaixaAlto potencialAltoIR de renda variável
Fundos de ouroAltaDepende da taxaMédioIR regressivo de fundos
ETFs (GOLD11)AltaReflete preço do ouroMédioIR de renda variável
Fundos multimercadoAltaDiversificadoMédioIR de fundos (regressivo ou come-cotas)

Quando faz sentido ter ouro na carteira

Investir em ouro não é sobre “ganhar mais”, mas sim sobre perder menos em momentos críticos. Por isso, a decisão de incluí-lo na sua carteira depende menos de “quanto ele pode render” e mais de qual papel ele vai cumprir na sua estratégia de investimentos.

1. Quando o cenário global aponta para riscos elevados

O ouro tende a ganhar destaque em momentos de:

  • Inflação persistente
  • Crises bancárias ou institucionais
  • Conflitos geopolíticos
  • Incerteza monetária ou fiscal

Se o cenário internacional está instável e o sentimento de aversão ao risco aumenta, o ouro se valoriza como ativo de refúgio.

Exemplo atual (2025): Tensões comerciais entre EUA e China, inflação ainda pressionada e taxas de juros em transição criam um ambiente ideal para ativos de proteção como o ouro.


2. Quando você busca diversificação real

O ouro tem baixa correlação com ativos tradicionais como ações, títulos públicos e fundos imobiliários. Isso significa que ele pode se valorizar ou manter seu valor mesmo quando esses outros ativos estão caindo.

Uma carteira com ouro tende a ser mais resistente em períodos de estresse do mercado.


3. Quando você está se aproximando de um objetivo financeiro importante

Se você vai precisar do seu patrimônio no curto ou médio prazo — como em uma aposentadoria próxima, compra de imóvel ou sucessão patrimonial — proteger parte dele com ouro pode ser uma forma de reduzir riscos.

O ouro não gera renda, mas pode preservar o poder de compra, especialmente em momentos de instabilidade.


4. Quando sua exposição a risco está muito alta

Se sua carteira está muito concentrada em ativos de renda variável ou em moedas específicas (como o real), o ouro pode funcionar como um contrapeso defensivo. Ele equilibra o portfólio e reduz a volatilidade total.


5. Como parte de uma alocação estratégica de longo prazo

Muitos investidores globais utilizam o ouro como parte estrutural da carteira, mantendo entre 5% e 10% do patrimônio nesse tipo de ativo. Isso permite capturar seus benefícios ao longo do tempo sem depender de “timing de mercado”.


Mas atenção: quando o ouro não é a melhor escolha

  • Se você busca renda passiva, o ouro não vai te atender.
  • Se tem perfil puramente agressivo e prazo longo, talvez existam outras opções com maior retorno esperado.
  • Se está começando agora e ainda não tem uma base sólida de investimentos, vale priorizar ativos mais simples e acessíveis antes de incluir ouro na carteira.

Conclusão: Ouro ainda é ouro — mas com estratégia

Em um cenário econômico cada vez mais incerto, proteger patrimônio não é mais uma opção, é uma necessidade. O ouro, com sua longa história como reserva de valor, segue relevante em 2025 — mas o segredo está em saber como e quando usá-lo dentro de uma estratégia mais ampla.

Assim como o dólar, ele não é uma aposta para multiplicar o patrimônio rapidamente, mas sim um pilar de proteção, estabilidade e diversificação.

Investir bem é mais do que buscar rentabilidade. É construir uma carteira resiliente, inteligente e alinhada aos seus objetivos. E isso exige conhecimento, acompanhamento e, principalmente, estratégia.


Se você já tem patrimônio e quer proteger o que construiu — seja contra crises locais ou instabilidades globais — está na hora de repensar sua alocação.
Ouro e dólar não são rivais, são aliados na defesa do seu patrimônio.

Você não precisa tomar essa decisão sozinho.


Vamos conversar sobre a sua carteira?

Quer entender se ouro e dólar fazem sentido pra você hoje?
Quer ajustar sua carteira para o cenário atual sem abrir mão do crescimento?

Fale comigo.
Como assessor, posso te ajudar a montar uma estratégia personalizada, equilibrada e eficiente para navegar com segurança em qualquer fase do mercado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *